domingo, outubro 28, 2001

SE O SONHO ACABOU, NINGUÉM ME AVISOU

O sonho que passa me deixa lento.
Sonolento, deixo que passe minha vida.
Se vivo ou espero, tanto faz.
Se espero pelo que vem, não é mais sonho.
Ainda espero que seja tudo.
Ainda tudo que tenha, talvez seja pouco.
Se quero, deixo de desejar.
E se desejo, para que querer?
Quem sou eu que se desfaz
Do que busco encontrar?
Se penso em ter o que me falta buscar,
Já não importa que seja tão intenso,
Já nem quero que seja tão sólido,
Nem pretendo que seja tão lindo.
Só espero que seja tão logo.
De noda se faz nada
E de nada adianta esperar por tudo.
Me perco nas palavras
Que não tem sentido.
E perco a direção
Do que busco.
Se tudo já se foi, que fique por lá.
Se algo ainda há a ser feito,
Que seja.
Assim seja a minha dualidade
Que busca o que nunca existiu
E vive o que nunca se sabe.
Já não tenho mais tempo de pensar
No que um dia poderia ter sido.
Depois de algum tempo de vida,
Ter pouco é muito menos do que não ter nada.
Agora é preciso ter mais,
Mais do que tenho e mais do que posso cuidar,
Mas menos do que desejo tocar.
Vai embora sentimento de perda.
Suma dúvida que não cessa.
Desapareça medo do nada.
É tarde ainda para sonhar.
E cedo demais para acordar.
Nessa noite sem fim,
Encontrar a mim mesmo é tudo o que há pra fazer,
Nesta cama desarrumada,
Que eu escolhi para dormir.

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