quinta-feira, setembro 23, 2004

Fever

Quando você chega,
Minha temperatura sobe,
Minhas mãos tremem,
Meu corpo parece se desfazer,
Minhas defesas se entregam.

Quando estou perto de você,
Não consigo reagir, lutar,
Não tenho forças para trabalhar,
Não tenho disposição para me divertir,
A única coisa que quero é me entregar.

De sentir o teu cheiro,
Minhas entranhas se estranham,
Meus hormônios endoidecem,
Minhas rimas não se encaixam,
Minha lógica perde a utilidade.

Ao tocar a tua pele,
Meus sentidos se confundem,
Meu desejo é soberano,
Meus ouvidos emudecem,
Minhas vista escurece.

Febre, febre é o que você me causa.
Febre de suar frio, febre de pegar fogo.
Lutar é inútil, resistir, impossível.
Se você vai, nada resta de mim.

Febre, febre é o que preciso,
Pra queimar todas as regras, pudores,
Pra desnaturar todos os protocolos, temores,
Febre, febre de você eu preciso.

Inspirada numa música cantada pelo único e incomparável rei (o Elvis, não o RC), Fever.

quarta-feira, setembro 22, 2004

TEM CERTAS COISAS...

Tem certas coisas,
Que mexem com outras,
Que havia esquecido.

Amores, sentimentos, lembranças,
Que pensei haviam ficado pelo caminho.
Pensei que só tua voz ou tua visão,
Pudesse trazer de volta essas histórias.
Mas não...

Lembro de um detalhe de cada vez.
De teus pés, sempre me mostrando o caminho, meu caminho.
De tuas mãos me acarinhando.
De teu rosto me iluminando.
De teu corpo encostado no meu, me aconchegando.

Porque tudo isso acabou?
Será que nunca existiu?
Sonho eu sei que não foi, não costumo lembrar dos meus.

Será que vivi por meio de outras existências?
Será que te vi no rosto e no corpo de atrizes de cinema?
Talvez esses sentimentos nem sejam meus,
Sejam apenas desejos que tive,
Desejos de te ter, desejos de te abraçar.
Desejo de que fosses minha, de que meu amor fosse teu.

Nem sei se é amor ou pura luxúria.
Se quero mais uma dose ou apenas sentir novamente o gosto.
Nem sei o que quero e nem se espero um dia conquistar.
Assim como o gosto ficou amargo, amargo lembranças que às vezes esqueço.

Lembra de mim, vai.
Lembra como eu te fiz sonhar, como não te fiz dormir e como te fiz acordar.
Lembra que meu corpo e o teu sempre pareceram um só quando estamos sós.
Lembra vai, e me deixa esquecer.

Deixa esquecer que tudo isso acabou.
Que tudo nem começou.
Deixa eu pensar que um dia tudo isso vai voltar.
Que minha ingenuidade vai retornar
E que vai ser possível te amar como da primeira vez.

Esquece, vai.
Esquece o que te pedi e te peço.
Esquece estas linhas, estes versos.
Esquece e vai.
Vai voltar a ser apenas lembrança
Do que nunca me pertenceu.

Misteries Again

Time doesn’t flow like a river
Time is not on our side
Forget what you heard
Forget what you know

Time is running fast
Time doesn’t wait for anybody
Do before it’s done
Do before it’s too late

We can be satisfied on what we get
We can be pleased to be just another one
We need to be bigger and better
Every time and every day

Time is a way to see our thoughts
A way to understand the world
But time allows no refund back
Time can’t go clock unwise

Be what you dream, but be now
Be what you can, and be brave
Everything is harder than it seams
Life is more complex than we see

Be patient and be wise
Be humble and be nice
Be smarter and be tight
Be faster and be mighty

Blame only your own fears
Cry only your own tears
Wait only enough till dawn
Pray as long as you walk


Outro da série "Shakespeare. Saúde!"
Contribuindo cada vez mais com uma sociedade anárquica, politicamente incorreta, que não sabe quem é quem e vice-versa. Trocadalho do carilho é o nosso lema!
Somos da geração xanti, sabemos que a inteligência é a força (descanse em paz, Darcio Campos)...

Misteries

Misteries, misteries of another life
Songs, songs for another hope
We live this life of passion
We share this sense of tension

Another life, another world
Is waiting for us, attempting to us
We can break these boundaries
We can make the difference

If we could see what we can
If we could send what we sense
We could fly high, fly beyond
This share of illusion

We are more, more than we could imagine
We are so many and so strong
But we’re afraid of ourselves, of our own
So we can only plan, only let our fantasies alone

In this world we cannot go further if we can’t transcend
Our minds are smaller than our dreams
Our hopes are shorter than our fears
Our faith in a sky above is just a way out of our own reality

Music can take us ahead, passion can make us friends
But only love can take us above, up high and high
Love can break our hearts and illuminate our flame
But love is always the only and lonely way

No man can stand all kind of sorry
No desire can fill us full of glory
No death is big enough
No problem is really tough

We just need a step, the first and the deepest
The largest and the toughest, the smallest, the very next
We just need a breathe of a new vision
We just need the touch of a higher spirit

Let your heart rule your head
Let the hopes rule your mind
Let love take your fears
Let faith wash your dreams

We can be friends but this is not enough
The world needs more of us
We can be brothers but it still doesn’t matter
If love is just a word, and charity just something to be heard

Don’t break the chain don’t lose the way
The signs are all around
God’s words speak for us

Don’t you be so long
Don’t waste your time
Begin now, practice every day
Let love be your best pray


Sorry aí meus erros de inglês: estou enferrujado. Mas foi muito bom criar em inglês. Já havia feito isso antes, senti falta. Se só é possível filosofar em alemão, só é possível escrever letras curtas e interessantes, melódicas, em inglês.
To be or not to be, that's not the question. It's the answer.

Cemitério de Vivos

Já dizia Cazuza, em “O Tempo não pára”, “eu vejo um museu de grandes novidades”.
Acredito que o maior mal do mundo atual, a fonte de todos os males, “the source” como se diz em inglês, seja o que o poeta maldito previu há tanto tempo e que eu prefiro chamar de Cemitérios de Vivos.
O homem (e seus ancestrais diretos) passou 99,9% de sua existência lutando para sobreviver a animais, frio, calor, fome, guerras, pestes e inimigos invisíveis. Apenas neste período que representa menos de 0,1% de todo o tempo, que são os últimos 50 anos, o homem conseguiu realmente estender a sua vida aos limites das características naturais do corpo.
Nos outros 99,9% de sua existência, o homem teve tempo suficiente para criar cemitérios cada vez melhores para os mortos. E teve tempo para decantar toda a dor de envelhecer e da perda causada pela morte.
E quem morre em vida, onde enterramos? Que cemitérios construímos para pessoas de todas as idades que morreram para a sociedade produtiva, mas não para vida?
Onde alojamos jovens aposentados, desempregados de todas as idades, analfabetos tecnológicos, adolescentes marginalizados, cidadãos desajustes de comportamento não detectados? Em favelas? Praças e viadutos? Casas de repouso? Quartos dos fundos? Ostracismo? Prédios abandonados?
Existe uma violência que é inerente ao ser humano e a sua baixa evolução. Os grandes crimes, a banalização da violência, a falta de expectativa são, com certeza, decorrentes de uma maldade que existe em toda a raça humana e que, sem controle, produz todas as piores formas de destruição. Este é um problema do qual as diversas religiões ao longo do tempo têm dedicado seus melhores esforços.
Minha preocupação é menos existencialista, menos filosófica, menos transcedental e mais prática. Uma nação de zumbis não será nunca capaz de reagir a qualquer tipo de violência. Um bando de mortos-vivos sempre terá como prioridade encontrar um lugar para enterrar a si mesmo. É engraçado como o cinema já retratou tão bem essa situação. Todos os filmes de mortos que despertam mostram um bando de violentas figuras que conservam seus pertences materiais mas que têm uma só preocupação: encontrar cérebros de vivos para devorar. Nenhum deles quer retomar sua antiga vida, emprego, família, bens. Não buscam reconhecimento da sociedade e nem lutam por cemitérios e tumbas mais dignos. Querem apenas comer cérebros, tantos quantos puderem.
É curioso pensar que um monte de filmes de quinta categoria possa trazer conteúdo tão significativo. Não acredito que seja consciente. Mas o que esses cineastas devem ter percebido é que esse tipo de temor, de virar ou ser devorado por um morto-vivo, esteja arraigado no nosso inconsciente coletivo.
Se essa visão parece absurda, pense no seguinte: qual era o objetivo de Hitler durante seu governo? A princípio, ele buscava apenas tirar a Alemanha do buraco. E depois, quando a economia já estava arrumada, à custa de saques e mortes, o que ele queria ao declarar guerra? Poder? Ele já tinha demais. Sexo? Não me parece ser esse o ponto. Mostrar a supremacia da raça ariana? Pra quem? Como que objetivo? Hitler, como tantos outros ditadores tiranos, era um zumbi cercado por generais, ministros e assessores do mais baixo nível evolutivo. Não que Hitler fosse ingênuo, isento de culpa ou mero joguete. Na verdade, ele, como tantos outros, era um morto-vivo buscando um cérebro. Não é coincidência que todos esses grandes líderes de destruição sejam sempre descritos como pessoas sensíveis, com histórico de problemas familiares, com sérios bloqueios junto ao sexo oposto, na maioria baixinhos e complexados. Esses traços são a fonte de suas qualidades e defeitos. São a origem do carisma pessoal e da capacidade de destruição. Todos matam com a mesma facilidade que fogem. Todos se valeram de fiéis comandados que executaram as ordens que ajudara a proferir.
Na minha visão, esses ditadores são zumbis: possuem corpos e cérebros, são capazes de fazer quase tudo o que uma pessoa comum. Possuem até grande inteligência. Mas, ao contrário de uma pessoa qualquer, não possuem o essencial da vida: alma. Não possuem nem a alma imaterial que caracteriza a vida e nem a alma (“soul” em inglês) que nada mais é do que o sopro divino, o espírito.
Sem alma, vivem suas existências com propósitos sem propósito, com determinação mas sem desejo, com disposição mas sem coragem, com paixão mas sem amor.
A maior diferença entre esses zumbis super-poderosos e os zumbis comuns, que aumentam cada vez mais na sociedade, é uma coisa chamada oportunidade. Pior, a maior diferença entre eles e qualquer pessoa comum, é a capacidade de ir muito além do cemitério.
Triste isso. Mas hoje eu achei esse texto que escrevi há tempos e achei que ele merecia ser postado. Espero que amanhã eu esteja com menos espírito de coveiro...

terça-feira, setembro 21, 2004

AI MEU SACO II - A MISSÃO

Ereções 2004 - Vota pra Fudê!
Manifestação Sindical na Paulista: vai trabalhar, corja de vagabundos!
Impressionante o que as pessoas fazem para não trabalhar! Diria que não trabalhar, para quem não nasceu Rockfeller, dá mais trabalho do que trabalhar.
Maluf - competência, caráter, seriedade
  • Competência - compete, compete e nunca ganha.
  • Caráter - não tem; se tivesse, seria duvidoso.
  • Seriedade - claro que sim. Precisa ser muito sério para dizer tudo isso sem rir.

Marta - a nova candidata do PBT (Partido do Botox dos Trabalhadores)

  • A Evita tupiniquim da sacanagem pública.

PCO - Partido da Calça Operária

  • Quem bate cartão não vota em patrão. Vota em quem, então? Quem é o candidato desses mocorongos?

Partido Comunista do Brasil

  • Vote 21. PCB, o Partido do século 21 (século 21 com foice e martelo, sei!).
  • Vote em Canôas, candidato sem rosto, com nome de barco furado. O cara é muito feio ou é invenção?

domingo, setembro 19, 2004

AI MEU SACO!

Adquira já seu kit reunião:

  • 1 galão de Hipoglós - para não esfolar seu amiguinho de tanto vai e vem intelectual.
  • 1 lata de 18l de vaselina - para escapar da atribuição de tarefas. Serve também para amenizar os efeitos das possíveis enrabadas.
  • 1 prendedor de cabeça com ventosa - para segurar a cabeça e garantir um sono de qualidade. Obs.: use apenas em salas com paredes de vidro.
  • 1 tripé de máquina fotográfica + 1 almofada - caso as paredes da sala sejam de concreto.
  • 1 Super Almanaque de Férias Passatempo da Ediouro - utilizar a capa do novíssimo Administração de Marketing de Philip Kotler (mesmo tamanho - veja se existe alguma promoção do tipo leve 2 pague 1).
  • 1 caderno para anotações - para atualizar seu blog em batch.
  • 1 Rudolph, edição de 1978 - utilizar a capa do Gerente Minuto.
  • 1 canivete suíço - para aqueles que não sabem ler ou escrever. Divirta-se soltando os parafusos das mesas.
  • 1 lancheira térmica - com lanche reforçado: toddinho, bisnaguinhas seven boys com requeijão, banana passa, suquinho del vale, amendoim japonês.

Pronto! Você já pode enfrentar horas e horas de reuniões intermináveis, improdutivas, inúteis.