domingo, outubro 28, 2001

Posto (ou post) está que aqui o espaço é livre, pelo menos para mim, eu pretendo iniciar a jornada em busca do que, como já disse, emprestei à minha memória.
Como locador que sou desse espaço em minha mente, quero agora receber o que dei sem conta. Só não sei se vou conseguir receber.
Como cobrar de alguém os anos que já se foram? Como receber de volta o que nunca existiu de verdade?
Mas, locador que sou, quero de meu locatário o que ele usou.
Que são lembranças se não pedaços de vida emprestados à memória?
Chamamos a essas lembranças de passado, mas em nada eles se assemelham ao que realmente vivemos. Catalogados e manipulados pela razão, pelos desejos, frustrações e complexos, esses pedaços de vida ganham significados, desfechos e sentidos que nunca possuíram.
A vida de qualquer um, de trás pra frente, dá um romance digno de publicação.
No sentido normal, a maioria das vidas mal daria uma redação de primário.
Provavelmente, o segredo das grandes biografias seja a qualidade dos escritores, e nâo de seus personagens.

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