quarta-feira, setembro 04, 2002

TÉDIO

A mesa, a roupa posta, a porta aberta
O rio manso, o sol poente, a escuridão nascente
O silêncio, o ruído das águas, o cheiro do mato
A televisão muda, o rádio desligado, um bocejo.

Levanta-se, acende a luz, mata um pernilongo
Olha no armário procura um inseticida
Desiste, vai lavar o rosto, aumenta a televisão
Lava a mão, senta-se, descansa.

Torna a levantar, abre a geladeira, come algo
Arruma a toalha da sala, puxa o tapete
Desliga a televisão, coloca uma fita velha
Deita no sofá, se encolhe e pensa.

Sonha velhos sonhos, velhos planos
Chora um pouco, sorri amarelho, esquece
Levanta, bebe água, pega um álbum de fotos
Relembra velhas cenas, sorri de novo.

Desliga tudo, sai, dá uma volta
Olha o rio e ouve o ruído
Passeia, mexe nas árvores
Olha uma casa ao longe.

Olha pra cima, pra baixo, pros lados
Procura civilização, procura ruídos de carros
Procura um avião, procura emoção.

Procura sensações, procura a quebra da monotonia
Procura um abraço amigo, procura um colo doce
Procura algo que ponha sim nesse tédio.

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