terça-feira, novembro 13, 2001

PRANTO

Confusos mitos vociferam na minha cabeça,
Estranhos ritos indicam meu caminho,
Momentos idos pedem e impõem sua crença.
Sons, movimentos, ilusões, sorrisos, e eu continuo sozinho.

Milênios passados debaixo dessa trilha torta,
Vive, sobrevive meu espírito, minha mente.
Caminha além e depois cai quase morta.
Pede e implora, depois engana e mente.

Talvez só por decisão ou talvez destino,
Rastejo atrás do nada que me chama.
Um nada tão concreto, tão ferino,
Que me entrego e apago minha chama.

Talvez essa música de acordes tão vibrantes
É que mantenha vivo e consciente
E mande lembrança de antes,
Desse momento, desse presente.

São frases sem nexo que saem de mim,
Sobre saudades do que não me pertence.
E se continuo a esmo, assim,
É porque o orgulho ainda luta e vence.

Seria mais fácil se eu nada escrevesse,
Nada falasse e meus olhos fechasse.
Provavelmente acabaria esse triste interesse
E o desapego talvez me embriagasse.

Porque não restou um só momento,
Uma só linha escrita n’algum canto.
E não restará lembrança de nenhum tormento.
E pra sempre só restará este interminável pranto.

Sem comentários: